Ex-pivô fala do futsal de hoje e de ontem

Zé Augusto é bicampeão Metropolitano Veterano

A categoria veterano do futsal paulista está cada vez mais dinâmica. As competições têm pegado fogo, haja vista que grandes craques de um passado recente estão desfilando toda sua categoria nas quadras paulistas. O pivô Zé Augusto, ou José Augusto Brandão da Silva, aos 43 anos de idade, é um desses casos.
O jogador foi bicampeão Metropolitano defendendo o Círculo Militar de São Paulo, que tinha, entre outros craques, o bicampeão mundial Vander Iacovino, atualmente técnico da seleção paulista de futsal.
Além de jogar no veterano de vez em quando Zé Augusto aparece para assistir um jogo de futsal, ou no ginásio do Banespa ou na AABB. Mas sempre com um objetivo específico: rever algum amigo da época em que jogava.
Zé Augusto é paulistano, começou no futsal pré-mirim do Santo Amaro e encerrou carreira no Ribeirão Pires, em 94/95. Defendeu o Palmeiras, Bordon, Moinho Água Branca, Banespa e Ribeirão Pires. Foi campeão Metropolitano, Paulista Ouro e Brasileiro, todos esses títulos pelo Moinho Água Branca. Ganhou o troféu Tênis de Ouro da Federação Paulista, em 1987, defendendo o Palmeiras. Casado com a Regina, Zé Augusto tem as filhas Marcela (9) e Izabela (4) e o filho Pedro (8), que começou jogar futsal na AABB neste ano.
Confira entrevista com o ex-jogador:
JF- O que você está fazendo hoje em dia?
Zé Augusto
– Trabalho, tenho uma vida profissional em vendas e nos dias de semana a noite jogo futebol de salão, quando tenho oportunidade. Desde o ano retrasado estou disputando o Campeonato Metropolitano de futsal veterano e nas duas últimas edições fui campeão pelo Círculo Militar.
JF- Você vende o que especificamente?
Zé Augusto
– Trabalho no ramo de embalagens em cartão.
JF- E como você está vendo o futsal, você que parou de jogar há pelo menos 10 anos, hoje está bem diferente. Como você está vendo?
Zé Augusto
– É um esporte totalmente diferente daquele que eu joguei. Peguei esse início de mudança de regra. Hoje é um esporte muito mais dinâmico. Na minha época o jogo já não parava, agora você não pode se desligar porquê em 10 segundos você vira um jogo.
JF- Além de jogar o veterano, você tem acompanhado a categoria principal?
Zé Augusto
– É muito pouco. Quando tenho oportunidade, pela televisão, ou quando tenho a oportunidade de rever algum amigo, hoje aqui no Banespa (jogo entre ECB e Atlântico, dia 20/08) revendo o técnico Paulo Mussalem, acompanho alguns jogos, o que é sempre um prazer.
JF- Dá pra fazer uma comparação do futsal da sua época com o de hoje?
Zé Augusto
– Não dá, é totalmente diferente. Os jogadores hoje tem muito mais preparo, os grandes jogadores do futebol de salão, acredito, não estão no Brasil. Então é difícil de ter esse comparativo. Na época que eu joguei os grandes jogadores do Brasil jogavam aqui. Hoje é ao contrário, todo mundo está saindo, como no futebol de campo.
JF- Você teve uma fase que jogava e trabalhava, mas teve um período mais profissional, só jogando?
Zé Augusto
– Não, eu sempre trabalhei e joguei. Uma época muito difícil porquê basicamente eu, como alguns amigos do futsal, dormíamos uma média de seis horas por dia, acordava cedo pra trabalhar, depois ia treinar e chegava em casa meia-noite. Mas valeu a pena, não me arrependo de nada. Foi muito legal.
JF- Mas ainda assim, com uma situação mais difícil, você defendeu grandes clubes. Quais foram os principais?
Zé Augusto
– Eu joguei pelo Palmeiras, numa fase muito legal, tive a felicidade de jogar no Moinho Água Branca, onde fui campeão Brasileiros com o Paulo Mussalem, depois joguei no Banespa. Acho que todos os clubes que joguei foram grandes, fiz grandes amizades. Depois joguei pelo Ribeirão Pires, enfim, foi muito legal.
JF- Tem alguma passagem que não sai da sua cabeça?
Zé Augusto
– Acho que foi a passagem do Moinho. Nessa passagem tenho amigos até hoje, jogo futebol de salão com alguns, futebol de campo, vejo nos fins de semana. E acho que essa passagem foi a mais marcante, onde conquistei bastantes coisas e muitos amigos que tenho até hoje.
JF- Financeiramente você acha que o futsal está melhor hoje, ou na sua época era bom?
Zé Augusto
– Como nós, a grande maioria, trabalhava, acredito que os percursores do profissionalismo foram o Serginho, o Vander, o Chico Pimba. No Moinho Água Branca, em São Paulo pelo menos, eles tinham um diferencial de salário, trabalhavam em dois períodos. E hoje acredito que tem uma quantidade menor de clubes. Em São Paulo não tem tantos clubes como tinham na minha época, dentro do Estado de São Paulo, da cidade de São Paulo. Hoje não tem tanto investimento como antes.
JF- Na tua posição, pivô, se jogava bem diferente, até por que na tua época não valia gol de dentro da área. Você tem saudades daquela época ou acha que evoluiu e mudou pra melhor?
Zé Augusto
– Acho que quando evolui melhora, hoje tem grandes jogadores. Quando eu vejo um jogo não dá pra fazer comparações. Se você pegar um jovem que está começando ele não vai ter noção do que foi antigamente. Então não tenho esse tipo de comparação. Acho que o futebol de salão evoluiu, os jogadores evoluíram, como os goleiros evoluíram. Acho que os que mais evoluíram foram os goleiros, que estão jogando muito, saem da área. Tem goleiros que fazem coisas com a bola que eram inimagináveis.
JF- Você nunca se arriscou na carreira de técnico?
Zé Augusto
– Só um veterano. Não dá, tenho três filhos pequenos, não dá pra pensar. Hoje numa carreira no futebol de salão como técnico você tem que se dedicar bastante, acompanhar jogos, estar vendo os jogadores de categorias de baixo, enfim, acho que não é uma coisa tão simples ser técnico. Acredito que não estou preparado pra isso.
JF- A concorrência naquela época era muito maior porquê todos os jogadores jogavam no Brasil. Mas você teve alguma passagem pela seleção brasileira?
Zé Augusto
– Infelizmente não tive. Fiz alguns jogos pela seleção paulista, foram jogos excelentes. Mas foram poucos jogos, não chegaram a ser uma coisa de seqüência, até porque no ano que eu comecei a jogar começou o profissionalismo e eu não podia acompanhar, fazer viagens e tinha grandes jogadores, é lógico, a concorrência era grande.

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