Técnico Xepa vai dirigir o Montesilvano da Itália

O técnico Xepa, Ricardo Gonçalves Garcia Júnior, que defendeu o São Paulo/Santo André nas últimas temporadas, transferiu-se para o futsal italiano. Diferentemente da dificuldade dos técnicos brasileiros em penetrar no futebol europeu, Xepa acertou contrato de três anos com o Montesilvano, um clube da região praiana da Itália, que tem figurado entre os 6 primeiros colocados do Campeonato Italiano.
Confiante e sem familiaridade com a língua local, o técnico buscou informações com amigos e através de livros e vai na raça. Algumas palavras chave, Xepa aprendeu com Douglas Pierrotti, o ex-craque do futsal brasileiro, que trabalhou como técnico nos últimos três anos na Itália. No time do Xepa tem três jogadores brasileiros: Fábio Moura, Romanini e Volpi.
JF- O que você está prevendo para seu futuro, nos próximos 3 anos?
Xepa
– A expectativa é grande de dar certo. Claro que vou enfrentar uma situação nova. Espero conseguir que meu time obtenha os resultados pra que eu consiga permanecer os 3 anos lá.
JF- Você fala em italiano?
Xepa
– Nada. Eu vou aprendendo, porquê não é muito difícil. Entender eu entendo o que o pessoal fala comigo. Não tive tempo de fazer um curso mais rápido, mas comprei alguns livros pra poder chegar lá pelo menos entendendo bastante e até algumas palavras conseguir falar.
JF- Sua comunicação com os atletas como vai ser?
Xepa
– Tem algumas palavras que o meu instrutor de italiano, que é o Douglas (Pierrotti), me forneceu. É uma lista de palavras importantes em relação só ao jogo de futsal e na minha equipe tem dois brasileiros que já estão lá há algum tempo, que são o Romanini e o Volpi. A gente vai procurar utilizá-lo o menos possível para que não transpareça uma preferência pelos dois, mas aquilo que precisar utilizá-los pra fazer com que a comunicação fique mais fácil eu vou utilizá-los.
JF- Você é um dos principais técnicos do futsal brasileiro. Taticamente é um dos principais. Você tem conhecimento de como a Itália está taticamente. O seu trabalho vai conflitar com o que existe lá, como vai funcionar o plano tático?
Xepa
– O futsal da Itália é mais ou menos parecido com o futsal do Sul do Brasil. É um futsal de bastante contato físico, até em alguns pontos a arbitragem deixa o jogo correr bastante, além do normal. Mas na composição tática das equipes tivemos passagens de dois treinadores brasileiros, treinadores argentinos e espanhóis. Então é uma questão de tentar passar, não o jeito brasileiro de jogar porquê isso não tem em lugar nenhum do mundo, mas a posição tática a gente procurar adequar o meu jogo à qualidade dos atletas que tenho lá.
JF- E quanto brasileiros você vai ter lá?
Xepa
– Eu não tenho certeza de quanto no total. Sei que o Júlio Romanini, de Jundiaí, o Volpi, de Avaré. Eles são brasileiros, e está indo o Fábio Moura. A equipe é formada com mais quatro paraguaios, que normalmente o jogador paraguaio tecnicamente se aproxima do jeito do brasileiro jogar, mas taticamente são um pouquinho mais preguiçosos, principalmente essa nova geração de paraguaios. Mas pelo o que vi a seleção do Paraguai jogar contra o Brasil, esses quatro jogadores do Montesilvano pelo menos dois são de boa qualidade técnica e acredito que possam desenvolver uma parte tática muito bem feita. Então, com ajuda desses brasileiros pra gente entrar na comunicação, a gente vai procurar se adequar no que a equipe vai nos permitir fazer.
JF- Quanto tempo de pré-temporada você terá para preparar a equipe?
Xepa
– Chego em Montesilvano no dia 22. A temporada do retiro, como eles chama, que vai Ter uma semana de preparação física. A volta do pessoal é até 29 de agosto e o primeiro jogo é 17 de setembro.
JF- E você já tem planejado, quantas horas por dia de treino?
Xepa
– A Cidade de Montesilvano teve um acidente, que a estrutura do ginásio não agüentou o peso da neve e desabou o teto. Eles estão reformando e a gente vai ter que treinar na Cidade de Cieti. E o treinamento diário lá, e parece que no ano passado não era muito mais que isso também, é de uma hora e meia por dia. O horário é das 11:30 às 13:00, em função desse problema do ginásio. Então a gente vai ter uma hora e meia por dia.
JF- A equipe é profissional, os jogadores vivem disso ou tem jogadores com exercem outro trabalho?
Xepa
– O pessoal que está lá de fora, vive disso. Os italianos não tenho certeza, mesmo porquê só fiquei dois dias lá, então não tenho certeza se vivem só do futsal. Pelo horário de treinamento acho que eles podem fazer. No horário do almoço treinam, então dá pra trabalhar, estudar, alguma coisa assim. A expectativa que eu tenho é que aos poucos a gente consiga melhorar, aumentar a quantidade de treinamento pra que haja uma melhora de qualidade, tanto dos atletas quanto do clube.
JF- A intenção do clube ao te contratar é levar o time ao topo do italiano, ou está começando um trabalho?
Xepa
– A equipe do Montesilvano tem ficado entre os seis primeiros nos últimos dois, três anos. E vivia muito em função do Dudu, o Morgado, que era o artilheiro da equipe e tem um potencial técnico muito bom. Eu espero pelo menos manter, porquê o Dudu foi embora, era referência do time, então espero manter o nível e ir ganhando degrau-por-degrau. Chegar aqui e falar que vou lá fazer o time ser campeão seria muita pretensão da minha parte.
JF- Se o clube está entre os cinco primeiros do campeonato italiano, será que é uma tendência essas horas reduzidas de treino?
Xepa
– O Xuxa (ex-goleiro do São Paulo) comentou comigo que no Luparenze eles treinam mais. Lá era um treinador espanhol e agora vai outro espanhol pra lá, o Velasco, que exigiu uma quantidade maior de horas treinadas por dia. Então não posso dizer porquê não acompanho o treinamento de todos. Eu sei que o Luparenze treina mais. Agora resta saber se a interesse da direção da minha equipe que isso com o tempo seja mudado e que a gente passe a treinar um período maior.
JF- Você vai treinar o principal e o sub-21?
Xepa
– Isso. A ander 21, mesmo porquê é uma seqüência da categoria principal. E se nós vamos tentar mudar a mentalidade da equipe principal, nada como começar na equipe sub-21. Se a gente já criar esse estilo de trabalho brasileiro na categoria sub-21 aqueles que não se adaptarem na categoria principal serão logicamente substituídos pelos da ander 21.
JF- No sub-21 você também tem ou terá brasileiros?
Xepa
– Não tenho idéia. Não tenho referência. A minha preocupação indo pra Itália é justamente fazer o italiano jogar futsal, não só ficar importando jogador. É claro que a gente sempre quer os brasileiros do lado porquê sabe da qualidade técnica dos brasileiros. Mas a minha preocupação é trabalhar em Montesilvano com atletas, se possível, de boa qualidade técnica e italianos.
JF- Você vai com a família ou vai sozinho?
Xepa
– A princípio vou sozinho, porquê não tenho ainda a permanência para trabalho na Itália. E depois, a medida que conseguir isso, deve ir minha esposa pra lá, mesmo porque meus filhos já têm vida própria e não deverão ir pra Itália.
JF- Você vai ficar hospedado aonde?
Xepa
– Quando fui pra lá, tinha previsão de conhecer o local aonde ia morar. Mas como era época de temporada de verão lá, os apartamentos estavam alugados. Então devo ficar em um apartamento.
JF- Você é aquele típico brasileiro acostumado com o calor ou gosta um pouco do frio?
Xepa
– Eu passei dois dias lá e a temperatura mínima foi de 38 graus.
JF- E o inverno, está preparado pra ele?
Xepa
– A gente leva umas bluzinhas, umas parcas. Tem que estar preparado. Se você encarou um projeto de mudar de país, e sabe que o inverno lá é rigoroso, você vai ter que se adaptar. Não tem jeito.
JF- E pra matar um pouco a saudades do Brasil e manter o contato: Internet?
Xepa
– É a gente vai procurar fazer desse jeito. Internet e telefone.

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