A verdadeira face do futsal

José Luis Munuera Reyes
Editor

O futsal paulista é pouco divulgado, para não dizer que passa despercebido, pelos grandes meios de comunicação. Mas basta a ação de marginais arruaceiros travestidos de torcedores para a mídia colocar a modalidade em destaque com um problema que não é da modalidade e representa o que de pior há em nosso lamentável futebol.
A verdade é que apesar de vândalos travestidos de corintianos e palmeirenses entrarem em batalha campal durante a decisão do Troféu Cidade de São Paulo, na terça-feira (1º/04/08), provocando a suspensão da partida, esses não representam a torcida do futsal e tão pouco são torcedores desses clubes na modalidade. São sim os mesmos marginais que se enfrentam, matam, saqueiam e destruem tudo o que vêm pela frente em grandes clássicos do futebol paulista.
Nos demais jogos desses clubes no futsal, quando não há o confronto direto entre eles, os ginásios, menores, comportam tranqüilamente o número de torcedores, não há confusão ou hostilidades e os salonistas entram, saem e torcem sem o menor problema ou constrangimento. Os atletas são conhecidos e até amigos dos torcedores.
O que aconteceu na decisão do Troféu Cidade de São Paulo, quando pela primeira vez depois de 26 anos Corinthians e Palmeiras decidiram um título no futsal, foi algo previsível, calculado e deveria ter sido melhor tratado pelas autoridades esportivas e públicas – diga-se Polícia Militar.
O ginásio Poliesportivo Municipal Adib Moysés Dib não tem nenhuma segurança para esse tipo de público. Foi planejado e é utilizado por modalidades esportivas que são acompanhadas por torcedores na acepção da palavra e não por marginais. Portanto, em se tratando de jogo na qual certamente os marginais estariam presentes, as autoridades deveriam reforçar a segurança, deslocar um número maior de policiais e utilizar a Tropa de Choque da PM, que é a única corporação respeitada pelos vândalos.
O vice-presidente da Federação Paulista de Futsal, Gilberto Rodrigues, transtornado e sinceramente chateado com o tumulto, disse que no Brasil sempre se tenta achar culpados para os acontecimentos. Ora, se aconteceu um problema como esses, no qual é amplamente previsível, portanto, não foi bem planejado e há culpados sim. Não sei se faltou à Federação Paulista maior cuidado com a decisão ou se a Polícia é quem não acreditou que isso pudesse acontecer.
Mas que devemos apurar e punir os culpados não há dúvida, é obrigação do poder público e da própria Federação Paulista de Futsal, pois os verdadeiros torcedores da modalidade foram brutalmente agredidos, ofendidos e prejudicados no episódio, e por que não dizer que a modalidade futsal foi violentada, constrangida e mal interpretada pela sociedade, que como está recebendo a divulgação é levada à conclusão de que o futsal é terra de ninguém, que não é seguro ir aos jogos da modalidade ou que é formada por bandidos. Constatação errônea.
Por tudo isso é necessário que se apurem os culpados e que sejam exemplarmente punidos. É também necessário que a grande mídia acompanhe mais o futsal e transmita sua verdadeira face.

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