Vândalos estragam final Corinthians x Palmeiras

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Tiago arma jogada marcado pelo Du Pivô

Imagens do Tumulto

Corinthians/São Bernardo e Palmeiras/Osasco empataram por 1 a 1 no primeiro tempo da decisão do Troféu Cidade de São Paulo, categoria principal. O segundo tempo só teve 11 segundos de bola rolando. Marginais de facções criminosas travestidas de torcedores dos dois clubes, iniciaram uma briga que culminou com invasão de quadra, tumulto generalizado, pancadaria, quebra-quebra e confronto com policiais, num saldo negativo que manchou a imagem do futsal, que vem promovendo campanhas sucessivas pela sua inclusão nas Olimpíadas.
Enquanto a bola rolou foi maravilha, com ótimo futsal. O Corinthians foi mais agressivo ofensivamente e o Palmeiras mais comedido. Porém, as duas equipes criaram chances de gol, mais o Corinthians.
Dengue começou a partida na reserva mas assim que entrou fez excelente jogada com troca de passes com o Wesley, desde a saída de bola da área corintiana até chegar próximo ao gol verde, desferindo forte e rasteiro chute de esquerda, invertido, enganando o goleiro Cal, que viu a bola passar por debaixo de seu corpo. O marcador registrava 9m37s de jogo.
Mas não demorou para Ligeiro acertar forte chute da intermediária do Timão e ver a bola bater no travessão e cair próximo à linha demarcatória. Bem colocado, o árbitro Roberto Paganini viu a bola bater dentro da casinha e sem titubear deu o gol, aos 14m15s, empatando a partida.
O espetáculo estava bom, com as duas equipes buscando o ataque. Assim terminou o primeiro tempo, com igualdade no marcador.
Na volta das equipes, antes mesmo da bola rolar os marginais já estavam se hostilizando. Aos 11 segundos de jogo começou a pancadaria. Primeiro com as duas torcidas tentando invadir a área destina aos rivais, sendo impedidos pelos policiais da Guarda Civil Metropolitana de São Bernardo do Campo. Como não conseguiram, os corintianos acharam uma brecha para adentrar a quadra, sem proteção nenhuma, e começou o martírio e o encerramento da partida. Os marginais de preto e branco foram atravessando a quadra e destruindo tudo o que viam pela frente para arremessar nos rivais de verde. Destruindo os bancos de reservas, mesas e cadeiras, caixas de som e até o microfone da emissora que transmitia o jogo pela tevê, na tentativa de atingir os rivais.
A Polícia foi obrigada a usar gás de pimenta para tentar conter os vândalos. Até tiro de carabina foi disparado, mas nada parecia suficiente. Os palmeirenses acuados eram empurrados para saírem do ginásio. Mas aí também a surpresa: os corintianos já os esperavam do lado de fora e sob queima de fogos e arremesso de pedras, tijolos e paus eram forçados a voltar. Nesse retorno confrontavam-se com a Polícia. Foi um verdadeiro inferno.
Os torcedores do futsal ficaram acuados, indefesos e aspirando o maléfico gás de pimenta. Atletas e componentes das equipes saiam em desespero em busca de amigos e familiares.
A oficial de arbitragem Márcia Marico, da Federação Paulista de Futsal, foi esmagada na arquibancada e saiu com lesões na perna e braço direitos. Outras torcedores saíram mancando. Um policial da Guarda Civil Metropolitana foi visto com o nariz sangrando, por um corte talvez provocado por uma pedrada.
A responsabilidade pela segurança do ginásio era da Prefeitura de São Bernardo do Campo, segundo informações do vice-presidente da Federação Paulista de Futsal Gilberto Rodrigues. Nenhum representante de São Bernardo foi encontrado no ginásio para falar sobre o episódio. “A Federação passou a responsabilidade para São Bernardo. Ontem aconteceu reunião na Secretaria de Esporte de São Bernardo com a Polícia Militar. Eles avaliaram a situação e destacaram o policiamento que julgaram necessário”, disse Rodrigues, que justificou a preocupação da Federação com a transferência da partida para um ginásio maior. “Não podíamos fazer esse jogo no ginásio da Federação. Tivemos algumas opções: O Mauro Pinheiro (São Paulo) só tem uma entrada e saída. O ginásio de Barueri está ocupando com outro evento e São Bernardo aceitou fazer a final. Tivemos uma semifinal que teve uma situação assim.”
Rodrigues lamentou o ocorrido e alertou que a Federação vai reunir as partes envolvidas para definir as providências para o prosseguimento do jogo. “A gente lamenta que tenha ocorrido isso. A partida fica suspensa e a gente vai se reunir para definir o que fazer, talvez terminar com portões fechados.”
O supervisor palmeirense Élber Cássio Nazário disse que a briga já havia sido marcada pela Internet. “Ontem um garoto do Jaguaré (equipe que faz o sub-20 do Palmeiras) falou que já tinham marcado briga pela Internet”. Perguntado se o clube ajudou ou chamou a torcida, Élber garante que não. “O Palmeiras não chamou a torcida uniformizada. A gente só divulgou esse jogo para os sócios.” O dirigente acredita que se a partida fosse mantida no ginásio da Federação esse fato não teria ocorrido. “Se fosse na Federação só iam os fanáticos do futsal. Em lugar grande é pior, mais probabilidade deles (marginais) virem. E outra coisa, Guarda Metropolitano não dá, eles (marginais) só respeitam a Tropa de Choque”.
O técnico Batata do Corinthians lamentou o tumulto. “Lamentável, não tem camisa, há quantos anos não tem uma final entre Corinthians e Palmeiras? O jogo estava bom, mas parece que eles (marginais) armaram isso antes, talvez pela Internet. Com tanta gente no ginásio, crianças, idosos, mulheres. Mas não dá pra achar culpados, teve precaução, a gente viu a movimentação”, disse.
Como fazer um jogo desses? Batata responde: “no deserto, ou todo mundo jogando nu pra não saber quem é quem. É como na praia, todo mundo freqüenta e ninguém sabe quem é rico ou pobre”.
Para o diretor de Esportes Terrestres do Corinthians Roberto Toledo “é lamentável, uma festa bonita, há tantos anos esperando uma final dessas e vimos a torcida estragar o espetáculo”. O diretor reconhece o esforço de São Bernardo, que é parceiro do Corinthians no Futsal, mas acha que apesar do bom número de policiais da Guarda Metropolitana faltou maior presença do Choque: “a torcida só respeita a Tropa de Choque”, avalia.
O mais provável agora é que o complemento da partida aconteça na próxima terça-feira (08/4/08), no ginásio da Federação Paulista de Futsal, com portões fechados. Quem sabe permitindo acesso aos verdadeiros salonistas. Mas a decisão deverá ser conhecida nesta quinta-feira.

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